Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

ORGASMO

 
(Um poema para João Cabral de Melo Neto)

Saio de meu verso
como quem tira o roupão.
Cristalizo a voz rouca do poema
como alguém que fechou
o botão do vestido
e desnudou-se frente ao espelho.

Algumas vezes a poesia
tentou fechar o zíper
e conteve-se na fenda das coxas.
Mas minhas mãos rasgaram
cada letra como quem descostura
o tecido traçado a longos cortes.

Entro em meu poema
como quem perdeu as dobras,
os alinhavos e saiu nua...

Visto o orgasmo de metáforas
para adornar o verso amante
que todo seco por mim ansiava
com vinhos, incenso e flores
na cama do desejo lírico.


[Poema publicado na Antologia Veloso - 2012 em Tocantins.]

Um comentário:

CHIICO MIGUEL disse...

Veja algumas palavras sobre o poema "orgasmo", seu e-mail.
abraços
francisco miguel