Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

sábado, 18 de junho de 2011

BANQUETE

Na palavra em branco
de brumas,
espumas
e silêncios inquietos,
dedilho o som do verso como uma musa ao piano,
dispo a nudez do poema para o banquete ao vento.

Cada página virada da valsa
vira vidros quebrados
que se fizeram milhões
de pedaços no sol estático.
(Foram versos escritos na metáfora da noite
e no clarão das estrelas).

A musa e o silêncio em mim
desabrocharam nos espinhos
da coroa de Cristo.
Até que a palavra, em estado de ciúmes e katharsis
ornamentou o banquete
das gotas de sangue,
embranquecendo o avesso da poesia
que minha alma nua pintou nos olhos de Deus.