Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

sábado, 27 de junho de 2009

Breve ensaio para a minha loucura

OU ENSAIO SOBRE A LOUCURA

Sábio sempre foi Ulisses_
louco se fez e se perdeu.
Assim hoje me vejo:
perdida
apedrejada
dormente
demente.

Exorcizo todo meu lirismo
E nada disso faz sentido
frente ao sentido da vida.
Há somente a presença do trágico
debruçado sobre meu riso
 de louca e disfarçada insensatez.

Eis novamente o vinho que comprei no bar da esquina
quando deparei com o sorriso de Cora Coralina
diante das mesmas pedras da vida, da cicatriz no rosto,
do abandono,
das rugas esmagadas do tempo.
O tempo é a minha plenitude diante da loucura
E a loucura é a minha gargalhada melancólica
como um disfarce lírico incomensurável...
Viver, eis a questão.

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 25 de junho de 2009

MEMORY I






...
...



Não penetrarei a sonoridade
do sentimento com esquecimento
Não farei poesia de acontecimentos
dias banais, papéis amassados ou o que eu sinto
não faz bem à recordação de meu lirismo rasgado.

A memória tocada ao som de Memory,
as teclas do piano se misturam diante da ausência
A ausência é senão a completude.
É dela que rio e zombo
porque essa massacrada ausência é a ruptura com a presença
Eis nesta lacuna o elo entre o profano e o sagrado que há em mim,
a batalha de gregos e troianos
diante do trono epifânico que é a imagem.

Esquecer-me-ia do devaneio e da amnésia da lembrança.
Divago - eu sei - na fosca noite arlequinal
Dou cambalhotas da minha existência incógnita
Abraço a falta e a falta soma-se ao único olhar
O olhar de mil anos de civilização reatualizada.
Eis por fim o vazio sem explicação
o copo quebrado
o vinho afrodisíaco
a vida e o sentido de estar vivo...
Morrer a cada dia é tornar o instante eterno
É certeza unívoca da ressurreição __
A grande comprovação da existência absoluta.
ROSIDELMA FRAGA.













segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ensaio poemático

Tudo que eu não sei dizer
Procuro no poema.
A poesia serve de escória
da memória e da retórica.

Devo mesmo rasgar as algemas
da minha vida literária?


Sei somente retratá-la em meus retratos
Nos traços alvos:
Alvo
Álvaro
Audaz
Alma
Amora
Mora
Namora
Assim a vida em poesia nos define
Hoje e sempre
E vão tecendo os destinos.



Rosidelma Fraga.