Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

sábado, 27 de agosto de 2011

QUADRO MUDO

(Aos músicos e organistas da Congregação Cristã no Brasil)


Dos passos mudos na calçada noturna
e do violoncelo tocado daqui do firmamento,
dedilho o minuto comunicante do vazio.

Deste espaço instaurado entre a ausência,
a canção grave e o toque do sapato do mendigo,
rabisco a poesia na folha trazida pelo vento,
lá do lugar que os homens se mordem de incompletude.

Com meu olhar detalhista,
pinto a agonia nostálgica da mulher na estação,
aquela que se perdeu a espera dos amores
e apodreceu na escuridão.

Concluo minha música lírica na ultravida das galáxias:
“O Senhor é meu pastor nada me faltará"
E eis que o meu cálice de palavras veio a transbordar.