Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

LA GIOCONDA

Celeste poesia
colhi entre as gotas
incomensuráveis
de teus olhos no balé
de pedras.

Bolhas de sabão é tua alma
maculada e sem véu.

Veredas solitárias
no calabouço
é a tua desilusão.

Límpido no áspero
do asfalto,
feito flor esfacelada
é o minuto eterno
da celeste poesia
que santifiquei no avesso de teu olhar:
aquele quadro comunicante
que outrora colhi e guardei
na ponta lírica
de meus versos em pedaços,
tal como La Gioconda desonrada,
mas eterna e terna poesia.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

POEMA SEM NOME

(Para Rosidelma - por Francisco Miguel de Moura)

Ouvi tuas mãos em teclas,
ao toque do órgão
e meu coração tremeu!


Vi tuas mãos de fada
me tocando
até que o sol voou
para manoel de barros.


Até que o grito de meus versos
entraram por tua pele,
por tua alma em chama.


Meu ser te escuta
e se encanta como outrora
ao som dos canarinhos
da gaiola.


E fico besta, sem pestanar,
sem levantar, sem nem querer
terminar meus versos.


Uma alegria, uma tristeza,
uma distância,
austraulopitecamente
santa.
(MIGUEL DE MOURA)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

ASAS NEGRAS

OU A FOTOGRAFIA DO SILÊNCIO


Fiquei acorrentada
pela visitação
do anjo de asas negras,
de Lúcifer com a taça quebrada,
implorando para ser Deus por um dia.


Toquei no vinho dionisíaco
derramado
e sugado pela cigana do véu
que na lama gemia
feito a mulher de branco e feito
a última flor em chamas.

Eu quem nasci poeta para beber a dor alheia,
fotografei o silêncio da cigana
E despi meu sentimento de mundo...
Porque Deus fez a todos
Conforme a sua imagem
E a sua plenitude poética.



sábado, 19 de novembro de 2011

POEMA FABULOSO

(Para meu amigo poeta, Francisco Miguel de Moura)

Fabuloso Xico,
Aurora do Parnaíba
Bruma de Areias...
Um dia vestiu e bebeu poesia
Lavrou canções e reinventou-se.
Outrora foi flamingo nas asas de um menino
Sempre vivo: metade rio, metade sol...
O Parnaíba até sorriu
de teus olhos azuis
abraçados na cor do mar.

Por celebrar a ti, Xico,
minhas mãos desnudam em canto piauiense,
em versos de minha índia terra...

Em alma desmedida, quase fábula, quase prosa...
Derramo as gotas de palavras, a ti menino,
o quase perdido,
uma vez achado,
jamais esquecido.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

356 órgão maxsom por Rosidelma Fraga

http://www.youtube.com/watch?v=c59qUp1b0Pk&feature=BFa&list=ULAul4A30I3Os&lf=mfu_in_order

domingo, 13 de novembro de 2011

O SENTIDO DO ADEUS

Por trás de cada verso mudo,
quero visitar a pele suada da poesia,
o olhar sem plumas do mendigo,
a última utopia em flor,
o vago escuro da solidão
e a nudez do silêncio em mim.

Por trás da visitação,
quero abraçar
o chão,
o riso,
a nostalgia
e o minuto eterno da palavra LEMBRANÇA.

Por trás da linha do fim,
quero dar adeus à vermelha poesia...
E a minha ausência fará sentido.







quarta-feira, 2 de novembro de 2011

VERSOS DE ESPERA

Se amanhã eu escrever que te espero,
sem pressa ou voluptuosos delírios,
sem olhar o devaneio do inaudito silêncio
ou a suja poesia que amassei no lixo?

Se eu escrever a epifania da tua aura,
da alma borbulhando no fogaréu?

E se eu pintar o verso erótico mais puro,
sem nunca ter dito a palavra AMOR?
Não sei se escrevo ou se escondo o verbo...
AMOR é substantivo abstrato e intransitável.

Declaro, enfim, que meu verso romântico
se perdeu na lama da escuridão
e voou nas chamas de tua ausência,
a virgem amante de todos os meus dias.