Entre a sedução de Eurídice
E o grito sacralizante de Orfeu,
Minha alma pendula e perdura
Nas asas arlequinais da ausência.
A ausência é a soma do orgástico
Prazer
do texto
e o gozo do nada.
O Nada é o Pêndulo de Bernardo
Chorando em minha janela
Gritando por um verso esfacelado.
Dionísio
esfacelado
se liberta, dança
e arrasta pelo Canto do Cisne Negro.
Eu sou o pêndulo da mulher africana
Que sangra cada vez que Colombo geme.
Sou o silêncio dos poetas sorvendo
A metáfora de um Deus negro e todo nu.
Por isso não tenho inveja
Do Pêndulo de Foucault
Do Pêndulo do Silêncio
Nem do Pêndulo da Solidão.
Eu sou o Pêndulo da Mãe-África
Que fecha as pernas da ausência
E abraça toda a aura de Zumbi
Em plena voz da LIBERDADE.
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