Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

DOAÇÕES PARA A POESIA


(Dedico aos poetas em ruínas).


Aceita-se abandono,
com destroços de gente.

Aceita-se uma gota de alma
que serve para mergulhar o coração dos poetas.

Aceita-se um olhar rasgado de ternura
que serve para namorar a cicatriz de Ulysses.

Aceita-se um verso de Deus descalço e nu
que serve para refazer um ser no entulho.

Aceita-se um Cristo Negro descendo do infinito
que serve para alvejar meu corpo de Helena.

Todas as doações serão destinadas ao poema
com fins exclusivos de redenção e poesia.

Adverte-se que o poeta não receberá salário mínimo,
o imposto de renda será retido com doações de amor.

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