Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

DESENHO

(Para Ivan Murilo, meu filho, minha luz, minha vida).



Desenho na orla da poesia:
a) O teu cheiro absorvido por meu tato inaudito;
b) O teu ar costurado no pulmão de meu poema;
c) A tua voz entrelaçada em minhas vértebras;
d) A minha alma tatuada de teu corpo;
e) E o corpo da poesia lavado por teu perfume.

Tal como Deus vibrando na criação
A pintura de meu desenho lírico
Retratou o teu estar em mim.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

ARCANJO À MEIA-NOITE


(HBN)

Um poema brota à meia noite
depois de uma voz silenciosa e nua
que em mim soa valsa, épica e cantares.

Noutras vidas era a mesma poesia
desnudando-se nesta doçura limítrofe
para dizer-me sonetos desmedidos.

Outrora com a dança de tua alma,
minh’ alma lavou-se no lirismo teu...
Enciumada, guardei tua visitação.

Banhei meu corpo em tua luz
Desci do instante de flâmula
E meu coração voou dez metros.

Nesta tua aura por Camões e canções
escrevi na folha luminosa de teu sorriso
todos os versos mordidos pela ternura.

Depois de tua partida, arcanjo redentor,
meu coração saiu por mares tresloucado...
E a ausência tua abraçou-me na eternidade.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

DOAÇÕES PARA A POESIA


(Dedico aos poetas em ruínas).


Aceita-se abandono,
com destroços de gente.

Aceita-se uma gota de alma
que serve para mergulhar o coração dos poetas.

Aceita-se um olhar rasgado de ternura
que serve para namorar a cicatriz de Ulysses.

Aceita-se um verso de Deus descalço e nu
que serve para refazer um ser no entulho.

Aceita-se um Cristo Negro descendo do infinito
que serve para alvejar meu corpo de Helena.

Todas as doações serão destinadas ao poema
com fins exclusivos de redenção e poesia.

Adverte-se que o poeta não receberá salário mínimo,
o imposto de renda será retido com doações de amor.