Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

DOIS ANJOS EM COPACABANA

DOIS ANJOS EM COPACABANA

(Um poema rabiscado nas ruas do Rio de Janeiro)

 

Na janela aberta da rua do ouvidor
Olho tua imagem metafórica...
Sinto-a tão intensa em mim.

Vejo cada instante na luz epifânica
de um olhar sem metafísicas
como se o verde da alma dançasse por dentro.

Pressinto um cheiro negro na chuva.
A flor está na rua escura e nela
a flor voa nua, suada e calma.
A rua é morta e dois anjos caminham
mudos e opacos em Copacabana.

Copacabana naquele instante fui eu querendo ser luz.

Soltei mil cambalhotas
Quando a imagem se aproximou.
Timidamente sensual – minha imagem se desfez
E saiu caminhando na luz do olhar.

Os pedaços da alma humana e o corpo
casaram-se na janela aberta da vida.
Nossas vozes silenciosas ecoaram
E as palavras soluçaram nas espumas na noite.

Eis que encontrei Drummond e Bandeira
A beijarem meu papel rabiscado de poesia.

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