Dioniso, eis-me nestas escuras linhas
a rasgar o véu nigérrimo
de minha embriaguez.
Desato cada nó da algema...
Assim liberta, assim leve
assim livre...
Livre e cheia de luz.
Um estado epifânico derrama
as taças do vinho doceamargo.
Tuas trevas bacantes se desfazem
e refazem como espumas nas minhas mãos.
Essas mãos de esfera lírica corta todo
o culto da nevoenta noite
As trevas nao mais detêm meu êxtase.
Confesso a força de Mênesis em mim
das Nereidas, ninfas e Vênus com mafuás.
Não poderei jamais negar todas as divindades...
Sim! Bacantes outrora
Dioniso aqui não mais...
Do fogo e para o arroubamento do fogo
e da fogueira vermelha e cega renasci.
Somente a epifania a mim se une
Sacralizada
Sem mácula
Sem escuridão.
Meus olhos ardem na luz do fogo
Há muito mais luz em mim
que a constelação no dia final.
Nua, descalça e liberta assim
de um jeito assim, embriago sim.
Dioniso, deixo-te sozinho agora
na possessão e anímica efusão.
Com a absoluta liberdade
Derroto os instintos corporais
E apodero do Divino
que sempre habitou em mim.
Dioniso não mais:
porque até as correntes da luz de Apolo eu soltei.
Há somente o vinho
e os lábios molhados de minha infinita sede
juntando-se à garrafa quebrada em mil pedaços.
E eu completamente nua
nua,
liberta,
sem remorsos.
Simplesmente sem acessórios e sem véu
Dioniso, adeus!
Rosidelma Fraga.
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