Eis-me no instante eterno
inaudível
interdito
completo silêncio.
Descortino a imagem de mim
nos olhos e rastros duma multidão apática.
Aqui em meio ao guardanapo rasgado
a poesia quer nascer no raiar do lixo.
Há muito mais de estranho em mim neste minuto
que as notas cruas do silêncio e abandono.
Paira a sensação de rastejo
quando penso em meus olhos adoecidos
e nas vozes apressadas da multidão epifânica.
Todos vem assistir ao meu estado de lirismo despedaçado
Há mais pedaços de mim espalhados nas escórias do lixo
que mil estrelas no horizonte iluminando os pés
dos transeuntes nas calçadas no raiar do dia.
Um bêbado me olha e canta gargalhadas líricas
como se soubesse de minha longa procura
uma busca de mil anos de civilização.
A remissão
O inexistente
O latente
O inaudível
O indizível
O incomensurável.
Busco a minha própria alteridade
ainda que nascida do charco de lodo
do nada ou do poço das lesões da alma
de um burguês fracassado que amei.
Eis-me agora no palco dos detritos.
Meu Deus, por que me abandonaste?
Se tu sabias que eu era demasiadamente humana
Sabias que eu era fraca e vieste rasgar
os cacos dos guardanapos amassados no lixo:
o lixo sou eu aqui no poema que se desfaz em pedaços;
Há muito mais pedaços de mim espalhados em cada letra
que as pétalas da alma sangrando e banhando
os espinhos que começaram a virar roda do destino.
ROSIDELMA.
Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.
(José Saramago)
Escrevo para não morrer.
(José Saramago)
sábado, 29 de agosto de 2009
domingo, 23 de agosto de 2009
II SE DEVERAS EU MORRER AMANHÃ
Se eu morrer amanhã
Ficarei guardada na memória.
Estarei presente nos jornais e revistas...
Exibirei minhas palavras adoecidas,
minhas dores, meu destino.
Se eu morrer amanhã amarei o nada que fui.
Serei apenas uma folha seca caída
qual poesia amassada no lixo
Simplesmente nada.
Se eu morrer amanhã
não quero mais que poema nos jornais
E a poesia da alma doente em meus olhos
Quero me despir de todas as pedras.
Não quero lágrimas gritantes.
Na verdade se eu morrer amanhã
Quero uma canção de Mozart, Pavarotti,
Chopin ou Bach.
E se não bastasse mais que poema e Vinho
Quero abraçar o Criador e desfilar nua
Infinitamente nua na passarela do universo.
Se eu morrer amanhã deveras
Quero vestir um organdi vermelho...
Ficarei transparente diante de Deus e sem palavras
Olharemos um para o outro
Meus cabelos longos cobrirão os seios do divino olhar.
A pele rosada Deus e sua barba imensurável
unir-se-ão à minha nudez de libertação
E depois não diremos mais nada.
Ficarei guardada na memória.
Estarei presente nos jornais e revistas...
Exibirei minhas palavras adoecidas,
minhas dores, meu destino.
Se eu morrer amanhã amarei o nada que fui.
Serei apenas uma folha seca caída
qual poesia amassada no lixo
Simplesmente nada.
Se eu morrer amanhã
não quero mais que poema nos jornais
E a poesia da alma doente em meus olhos
Quero me despir de todas as pedras.
Não quero lágrimas gritantes.
Na verdade se eu morrer amanhã
Quero uma canção de Mozart, Pavarotti,
Chopin ou Bach.
E se não bastasse mais que poema e Vinho
Quero abraçar o Criador e desfilar nua
Infinitamente nua na passarela do universo.
Se eu morrer amanhã deveras
Quero vestir um organdi vermelho...
Ficarei transparente diante de Deus e sem palavras
Olharemos um para o outro
Meus cabelos longos cobrirão os seios do divino olhar.
A pele rosada Deus e sua barba imensurável
unir-se-ão à minha nudez de libertação
E depois não diremos mais nada.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
ESTADO DE GRAÇA
Não morrerei na profecia
anunciada.
Viverei hiperbolicamente.
Em silêncio e contemplação,
Viverei hiperbolicamente.
Em silêncio e contemplação,
consagrarei o genuíno
instante.
Sentirei o puro êxtase
Abraçarei o mundo interior que explode em mim.
Galardão dos malditos
Salário dos poetas vis.
Viverei e seguir-te-ei na eternidade
Sentirei o puro êxtase
Abraçarei o mundo interior que explode em mim.
Galardão dos malditos
Salário dos poetas vis.
Viverei e seguir-te-ei na eternidade
de minha existência.
Ainda que assim, de um jeito assim...
sem ter,
sem querer,
sem nada pedir-lhe em troca...
Pois amor é como a poesia...
De graça poetai, de graça dai
Amor e poesia fogem a dicionários.
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