Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

EROTICAMENTE






Rasgo a colcha dos retalhos
de minhas dores depositadas em cada verso torto.
Violento as algemas da palavra amor
A palavra amor fere a imortalidade do tempo.
Por vezes, sangra as veias secas em cada minuto de súplica.

Oh! Palavra, aceito a batalha de troianos e gregos
Qual Eros e Vênus com lenços de lixo vermelho.
Sangro o negro corpo epifânico das Musas palavras.
Tiro meus pés caligráficos do charco de lixo
para senti-la poderosa e nua de mim.

Eu sou a ganância erótica da poesia
Sou o encontro do paganismo e cristianismo
porque dispo o Divino e sacralizo a poesia.

Sinto a leveza das sedentas mãos de Ulisses sobre meu corpo
Um corpo despido de futuro que não sabe para o mar que vai.
Sou a parte completa da poesia vestida da palavra amor
Caída na sarjeta
a palavra amor vem e imortaliza-me.
Jogada no lixo ela eleva-me no chão do silêncio.
Com o vôo de duas águias
esqueço que restou de mim os cacos das penas.
Fico com a palavra amor, despedaçada e estuprada por minhas mãos.

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