Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

terça-feira, 9 de julho de 2013

O PÊNDULO DA AUSÊNCIA NO RITMO DE MINHA ÁFRICA


Entre a sedução de Eurídice
E o grito sacralizante de Orfeu,
Minha alma pendula e perdura
Nas asas arlequinais da ausência.
A ausência é a soma do orgástico
Prazer do texto e o gozo do nada.

O Nada é o Pêndulo de Bernardo
Chorando em minha janela
Gritando por um verso esfacelado.
Dionísio esfacelado se liberta, dança
e arrasta pelo Canto do Cisne Negro.

Eu sou o pêndulo da mulher africana
Que sangra cada vez que Colombo geme.
Sou o silêncio dos poetas sorvendo
A metáfora de um Deus negro e todo nu.

Por isso não tenho inveja
Do Pêndulo de Foucault
Do Pêndulo do Silêncio
Nem do Pêndulo da Solidão.
Eu sou o Pêndulo da Mãe-África
Que fecha as pernas da ausência
E abraça toda a aura de Zumbi
Em plena voz da LIBERDADE.