Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

ESTILHAÇOS LÍRICOS

Rasguei a palavra
das águas de Odisseus
e assisti à interdita aventura
da imagem divina em mim.

Há mais guerra lírica borbulhando
nas veias amargas de meu sangue
que a batalha de Aquiles, Enéias e Afrodite.

Mais fantasmagórico neste minuto
é a imagem de Bandarra na esquina sem saída
e as notas cruas do silêncio e abandono.

Palpita a sensação de meu rastejo
pelos caminhos de Tróia maldita.
Ouço apenas as notas da madrugada
e o eco das palavras nebulosas.

O chão negro e o barro são a colcha
de retalhos da Penélope que há em mim.

Termino no palco de Tebas
onde a multidão vem sentar-se
à minha mesa para o teatro
de meu ser em prantos líricos.