Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

domingo, 4 de abril de 2010

INSANIDADE

De repente o vento frio aquece
o selvagem ígneo de meu delírio
na noite sombria e nebulosa.

Pranteio
Cambaleio
Caio
e depois ergo-me das cinzas das horas tardias.

Rasgo os cabelos e sangro a alma
E todos olham a minha loucura,
meu estado de abandono e êxtase
Não há mais êxtase do que estar sozinha.

Sinto-o aqui em cada minuto eterno
Como se a falta de teu ar em mim
somasse à presença aqui neste instante...
como se a minha vida fosse o perene infinito.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

BÚSSOLA FINAL

Anseio morrer em paz na eternidade
e sozinha no último instante,
sempiterno, ainda que ontológico,
cronos da infinitude, minha virtude.

Eu quero a paz da ultravida
aquela gigantesca quimera,
dissoluta e sem medida, comedida.

Combati sempre o efêmero
E aqui no poema descortinei a bússola
do tempo repentino, destino.

Jamais minha alma abrirá o voo
do eterno enquanto dure, amargura.

Assim pinto meu caminho
sem surpresas e fantasmas,
nada mais que tudo, completude.

A morte instantânea é a cura
para afogar a universalidade
da Ursa Menor, bússola.