Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

sábado, 21 de dezembro de 2013

RETALHOS



Dizem que ando com olhos doces
E não saio de roupa sem alinhavo.
Visto a encenação de Penélope
Que de amor do amor se despe.

Não anoiteço um dia sequer por aí
Polímnia esconde Dionísio em mim.
E minha voz esvai-se em roucos arpejos
Que vejo, ouço e enfim te revejo.

Meu Apolo não vem ao poema
Porque beija a nudez de Calíope.
Enamorada e sem retalhos de gozo
Meu corpo deixa cair a última peça
da poesia que suspira a tua ausência.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

JERUSALÉM DO AMOR


Na Jerusalém do amor

A mulher  veste-se de Eros

Afrodite santifica-se

E adorna-se de arcanjos.



Na Jerusalém do amor

Madalena vende castidade

Namora Éden ao sol de Sião

Desposa Dioniso e vira canção.





segunda-feira, 16 de setembro de 2013

CONDENADOS DE AMOR


Condenados de amor

Cristo sequer condenou Madalena.
De puta santificada a mulher sorriu.

O santo de carne e osso amou-a docemente
Depois bebeu o sêmen de hermafrodita.

Eva nua seduziu arcanjo na porta do céu
E Deus disse: “Mulher, o amor te salvou”.

OLODUMARÉ


Olodumaré

Beijando Drummond
Uma mulher afoga
Sua coita de amor.

O trovador não veio
O poeta travestiu-se
De baiana de terreiro.

O amor batucou-se no tambor
de Olodum: e Olodumaré
viu a maré salgada da alma.
E o riso do mulato africano
Vestiu minha nudez de poeta.

AMOR NO FIRMAMENTO



Arrasto as letras da palavra
A
M
O
R
Rastreio a metáfora do verbo
A
M
A
R
E a nostalgia de Eros em mim
Despe o corpo de Deus no firmamento.