Eis-me epifanicamente
agora nua... nua na rua...
Nua em instante absoluto...
Não há tenacidade diante de mim
Folgo-me no orgasmo da vida bandida,
uma vida sem graça, mas unicamente minha e nua!
Uma vida que pintei em contemplação de meu
ócio laboroso na escavação da pedra no infinito...
Em meu corpo definhado de lirismo
Eis-me na penetração do Criador.
Durmo com a verdade crua e nua.
Nua e com a boca sedenda,
lavo os pés dos anjos que estão dormindo.
Os anjos dormem nus e eu dou gargalhadas de meu orgasmo.
Eles nunca verão a minha nudez disfarçada
no lençol a espera de Deus.
Ora, Senhor Deus dos homens miseráveis!
Tantos que a mim quiseram abraçar
Tantos que sonharam rasgar a minha alma e morder a minha boca,
despir o meu corpo e banhar o avesso da minha nudez.
Uma nudez de minutos repulsantes que é a materialidade
do corpo __ um encontro sem metáfora humana.
Certamente a paixão efêmera de vermes que não sabem amar.
Eu simplesmente, desfilarei sempre nua
Nua gritarei na rua
Nua beijarei os teus pés e cobrirei-te com meus cabelos negros.
Completamente Nua,
Com meu lirismo catártico e minha boca de romã,
Com a doce Maçã que perdeu Adão,
Entrarei no fogo por ti! Rasgarei o Céu que talvez não mais exista.
Penetrarei nas nuvens
E muito além do infinito... Nua. Completamente Nua!
Gozaremos a incandescente completude.
Rosidelma Fraga.