Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

ADORNOS

Adornai-me de pétalas.
Pétalas vermelhas
Rosas que se esmagam.

Adornai-me deveras
de espumas flutuantes.

Em verdade, não quero rosas e espumas,
Quero tocar nas algemas de cada verso nu:
um verso sem misticismo e filosofias.

Diante do verso adornado de rosas,
vai a minha alma enciumada.
Entretanto, coroaram-me de pedras...
Pedras que eu rejeitei e nem mesmo sonhei.

As rosas e as espumas ficaram diante de mim.
Supliquei ainda com última voz:
Adornai-me de pétalas
Pétalas amarelas, rosas, vermelhas, secas
ou assim mesmo de náuseas.
Que sejam pétalas feias e secas,
mas, coroai-me de rosas
na hora de meu adeus à explosão do mundo.

 

 

 

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