Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

sábado, 14 de janeiro de 2012

O LIMO E A FLOR

Uma parte da memória
quer esmagar o lirismo
de teu olhar no limo
e acorrentar a quimera.

A outra metade da alma
quer guardar o minuto eterno
de tua solidão gritante
que escondi na ponta do lápis,
esperando as pétalas da poesia.

Mas a alma solta e multiplicada,
a terceira parte de mim
vem dissecar a palavra Amor,
decompor o silêncio,
silenciar a ausência,
ausentar teus passos lentos,
acalentar o verso mudo,
e dizer sem palavras.

E na soma dos vários eus
ou da parte de mim que não existe,
espalhei os versos quebrados
e no retalho imundo pintei as rosas.

E da poesia guardada
no baú de meu silêncio,
abri o envelope amassado...
e eis que junto ao limo e a flor,
beijei a tua colossal ternura.

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