Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

sábado, 24 de dezembro de 2011

NATAL DO BICHO HOMEM

(Para Manuel Bandeira)

Sonhei com um poema de Natal
hipnotizando o velho Noel
e acordando às crianças.

Tal como a cigana da sorte,
profetizei Maria Santa
a tocar meu piano negro
na Lagoa Rodrigo de Freitas
e depois me ungi de humor
ao verso lírico de Bandeira.

Acordei nua e descalça
feito prostituta Madalena
a confessar na Missa do Galo
e beijar o corpo nu do Sacristão.
Senhor Deus,
absolva-me dos pecados capitais
recheie a minha alma de poesia
e contempla-me nas cinzas da ausência.


Juro eu, leitor,
que assaltei a taça de vinho santo
e embriaguei-me de palavras
para não beber a imagem
do bicho homem a colher
os detritos de sua dor no asfalto
e urrando pelas migalhas de pão.


 

 

Um comentário:

CHIICO MIGUEL disse...

Poema sensual e quase tragicômico.
eu gosto. A poesia é uma loucura. E você sabe. Então, meu abraço
bem grandão.
francisco miguel