Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

VERSOS DE ESPERA

Se amanhã eu escrever que te espero,
sem pressa ou voluptuosos delírios,
sem olhar o devaneio do inaudito silêncio
ou a suja poesia que amassei no lixo?

Se eu escrever a epifania da tua aura,
da alma borbulhando no fogaréu?

E se eu pintar o verso erótico mais puro,
sem nunca ter dito a palavra AMOR?
Não sei se escrevo ou se escondo o verbo...
AMOR é substantivo abstrato e intransitável.

Declaro, enfim, que meu verso romântico
se perdeu na lama da escuridão
e voou nas chamas de tua ausência,
a virgem amante de todos os meus dias.







 

 

 

Um comentário:

CHIICO MIGUEL disse...

Rosidelma, boa amiga e poeta:

Pelos seus poemas, sinto que você é uma pessoa angustiada. Eu já quase morri de angústia. Hoje, não. Talvez porque já esteja perto da morte e estou guardando tudo para aquela hora. Sou cristão, acredito que ele é o filho de Deus feito homem, nas minhas orações peço que Deus e o Universo inteiro me dêem forças para que meu transporte seja quase indelével, todos lembrem de mim, pelos versos e pela minha feição, mas especialmente por algum poema que deixei. Minha glória estaria aí.
Para que eu não fique derramando meu existecialismo, ofereço-lhe uns versos meus:

A HORA VAZIA

silêncio sem boca nem fundo
esvazia-se no jarro partido.

a beleza da sala chora sem lágrimas
não tece preto nem branco.

cacos não preenchem o vazio,
são novos buracos cravados
no sangue da mão do menino.

e o vazio inquebrável
como qualquer desvio
da luz e do silêncio não se move.

nenhuma palavra.

palavras não enchem o vazio
nem a inutilidade dos desejos.

Francisco Miguel de Moura

Um terno beijo de amizade
e de benquerer.
Boa Noite!
Chico Miguel