Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

INFINITUDES PASSADAS

(a ti, nos rios infinitos)

Voei na dissolução do tempo
incompreensível e das memórias consagradas.
Oscilei por muitos anos entre o inaudito e indizível.

Neste instante, vivencio o passado interminável.
As palavras que sempre foram minhas
na constante e intensa completude
permanecem agora mudas, como se táteis e surdas.
São palavras medrosas e inexatas.

Abraço-as com lirismo comedido
E no espelho do tempo
Vejo nossos olhares agonizantes
de espera, renúncia e despedida.

Fica a remissão no meio do repleto silêncio...
O afogamento nas águas do tempo
Somam-se aos questionamentos do instante.

Quisera que o poder dessas mãos proféticas
tocasse a quimera, a fantasia e o não dito...
Maldito tempo e infortúnio destino!
As palavras ficaram umedecidas no olhar:
O olhar mais nítido que o Girassol.
Mas o olhar é indizível e mudo
É a covardia das nossas almas gritantes!
Viver é incomensuravelmente perigoso.

Se essas mãos profetizassem
Se esses olhos mudos não calassem o tempo
Voltaria aos rios de nossas águas líricas
e nem mesmo os grandes rios de Babel e Sião
afogariam os nossos laços indecifráveis.

Mas a poesia é incomunicável
Não teria o poder de saltar e voltar ao tempo:
esse tempo epifânico que é a nossa redenção.
A genuína sensação do sonho e infinitude.

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