Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

AUSÊNCIA





...
...
...
Acordo cambaleante de sono
Em meio à minha assombrosa
solidão banhada pela tua ausência.
Pressinto teu cheiro e teu sabor:
Meu corpo está ainda molhado
Já tocado pelas mãos imaginárias.

As palavras insistem em sair no papel.
Não há letras
Há sangue nas veias
que destinam sem parar.
Eu fico do outro lado da ilha
do oceano sem fim
a clamar além do corpo
além de um amor sem palavras.

Queria que a porta do céu se abrisse!
A porta está fechada.
Suplicaria algemada aos pés do criador
Ele quiçá não atenderia.
Eu invocaria a expulsão de tua ausência
A dor que ela me causou.
Certamente eu seria apenas
a chama apagada no inferno das decepções.
Eu nunca seria nada que pudesse amar.
Sou o vazio de um corpo despido de futuro.
Resta-me somente a tua imagem e minha dor
Aqui perdida no papel amassado de lembranças.

Rosidema Fraga- (leia este poema na Biblioteca virtual do escritor)

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